Especial Rock: a guitarra dissonante de Andreas Kisser

Andreas Kisser é conhecido no rock nacional e internacional por ser o homem no comando dos riffs pesados do Sepultura, banda que integra desde 1987 e com a qual lançou no ano passado seu 11º disco, The Mediator Between the Head and Hands Must Be the Heart.

É num pequeno estúdio em sua casa, em São Paulo, que ele guarda suas guitarras e algumas lembranças da carreira, como um pôster de seu antigo grupo: Esfinge, sucesso na cena alternativa de São Bernardo do Campo em meados da década de 1980.

De lá para cá, suas habilidades como músico o levaram a tocar com bandas como Deep Purple, Zack Wild, Black Sabbath, entre outras, que ele ouvia ainda na adolescência, época em que descobria o poder da guitarra.

Aliás, ele guarda muitas memórias desse período, como a primeira apresentação ao vivo durante um festival de ciências da escola, onde ele e seu grupo apresentaram um trabalho sobre o heavy metal, e o pavor que sentiu quando foi escalado para cantar.

guitarra é um instrumento essencial numa banda de rock e, não raro, os guitarristas disputam de igual para igual os holofotes com os vocalistas. Mais discreto, Andreas diz que nunca foi atraído pelo papel performático no palco e que não consegue nem quebrar instrumentos porque tem “muito carinho por eles”.

Perto de completar três décadas no Sepultura, Andreas revela uma vontade ainda não realizada: “fazer um som” com o U2. “É uma banda que influenciou e influencia muito o Sepultura… [Mas] pode não parecer tão óbvio assim”, conta ele, relembrando a regravação de Bullet the Blue Sky.

Na série Especial Rock, quatro músicos foram convidados para falar sobre o papel de seus instrumentos (voz, guitarrabaixo e bateria) nesse gênero musical e de suas principais influências. Andreas conta como a guitarra entrou na sua vida e fala sobre dois músicos que, para ele, mudaram a história do instrumento: Jimi Hendrix e Eddie Van Halen.

Fonte: Saraiva Conteúdo

Andreas Kisser (Sepultura) & Clube Big Beatles – He!ter_Ske!ter @ Beatle…

Em 7 de fevereiro de 1964, os BEATLES chegaram no aeroporto John F. Kennedy, Nova York, saudados por dezenas de fãs gritando, desmaiando, que correram ao portão para conseguir um olhar de relance de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, assim que eles dessem os primeiros passos em solo americano. Duas noites depois, no domingo, 74 milhões de expectadores nos EUA e outros milhões no Canadá sintonizaram a CBS para assistir aos BEATLES fazendo sua estreia no programa ‘The Ed Sullivan Show’. Nesta apresentação, que foi um divisor de águas na cultura americana e um dos eventos mais vistos em todos os tempos na TV mundial, os BEATLES tocaram cinco músicas transmitidas ao vivo. A Beatlemania, já no auge, fervilhava no Reino Unido, e foi desencadeada com fervor pela América e por todo o mundo. A invasão britânica começava.


Para celebrar os 50 anos deste evento histórico, a BraveWords falou com o fanático confesso dos BEATLES e lenda do SEPULTURA, Andreas Kisser, sobre seu amor pelo quarteto. Claro, longe de ‘andar pelas ruas sujas com ódio em minha mente’ [n. frase da música Inner Self, do Sepultura], o reverenciado guitarrista já vez várias jams no expressivo tributo brasileiro à banda, CLUBE BIG BEATLES.


Sem dúvida os BEATLES têm raízes profundas no rock n’ roll e assim como o gosto musical deles aumentou com o tempo, o material da banda passou a fazer mais sentido – principalmente no fim dos anos 60 – em termos de composição e arranjo, junto com as táticas de produção marcantes de George Martin.

É difícil convencer um metaleiro de que os BEATLES são muito, muito mais profundos do que ‘I Want To Hold Your Hand’ e ‘She Loves You’.

“Como você disse, eu era bem radical no começo, só ouvia metal, essas coisas. Os BEATLES e os ROLLING STONES estavam meio que bem distantes de mim. Mas minha mãe tinha os álbuns antigos dos BEATLES, BEE GEES e muita coisa de samba, e meu pai costumava ouvir muito country, música brasileira e esse tipo de coisa. Quando eu era bem jovem eu ouvia muito o Help (1965), e esse é o álbum que eu mais conheço, porque era o mais fácil de tocar. Era fácil de cantar também, então era bem pegajoso. Mas daí eu comecei a ouvir mais BEATLES e respeitá-los. Agora eu tenho tudo no meu iPod, e é um privilégio na minha idade ver tudo que eles lançaram, todo o material raro e demos. O Anthologies é incrível. Você vê o desenvolvimento da música e o quanto eles foram grandes. E como eles tinham um pensamento rápido e bonito sobre as coisas. Os BEATLES são tudo e eles fizeram tudo. Como ‘Helter Skelter’, de 1968, é um dos primeiros riffs de heavy metal já feito, pelo menos na minha opinião. Embora eu adore a versão do MÖTLEY CRÜE. Mas ir para Liverpool com essa banda brasileira e tocar como fizemos no lugar histórico onde John Lennon costumava estudar, onde Ringo Starr tocou pela primeira vez com eles. Então os caras do Clube Big Beatles sugeriram meu nome para o muro da fama lá e de alguma forma eles aceitaram. O dono do Cavern Club nem sabia o que era Sepultura. Ele começou a perguntar para as pessoas próximas sobre nós e eles pensaram que o cara era louco, que ele não conhecia a gente. Então foi ótimo ser reconhecido por tudo o que eu tenho feito com o SEPULTURA e tudo mais, porque no Brasil eu toco e faço jam com as mais diversas pessoas, do country ao blues, do pop rock ao clássico. É essa diversidade que os BEATLES tinham e é o que eu tento fazer. É uma grande honra porque eu sou o primeiro brasileiro a ter o nome no muro do Cavern Club. É algo que você nunca sonharia, é inacreditável. Tem toda uma vibração no Cavern Club. Eu toquei em tantos palcos diferentes pelo mundo, mas naquele lugarzinho pequeno eu estava nervoso de verdade.”

Qual a música dos BEATLES que mais te desperta?

“Acho que The White Album (1968) é insano, a maneira como eles abordaram. Eles não saíram mais em turnê durante aqueles dias, então estavam livres para fazer qualquer coisa. O material de George Harrison é ótimo – ‘While My Guitar Gently Weeps’ e ‘Something’ – tão simples, mas tão lindo. Você ouve aquelas notas e pensa que eles são simples, mas não, e pensa; ele é virtuoso? Sim, ele é um virtuoso. Ele tem a capacidade de colocar a nota certa no lugar certo.”

E é triste que ele tenha sido ofuscado pelo John Lennon e Paul McCartney. E não por acaso ele era chamado de “o Beatle quieto”. Mas quando ele morreu, o mundo inteiro lamentou a perda.

“Bom, é bem difícil competir com Lennon e McCartney, eu adoro o trabalho solo de Paul McCartney também, principalmente Band On The Run (1973), que eu acho um álbum maravilhoso.”